sexta-feira, 11 de setembro de 2015

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Wed



O M. casou.

Acho que sim. Pelo menos é o que parece pelo facebook.

Durante todo o tempo que pensava no nosso futuro nunca incluí um casamento. Porque achava que as nossas personalidades não combinavam com o dia perfeito.

Não fiquei triste. Não houve choque.

É engraçado como as coisas mudam...



segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Conversa



Estive a pensar e não me lembro da minha última conversa.

Uma conversa séria, descontraída e ilimitada.

Com conteúdo.

Franca.

Sem medos nem preconceitos.

Uma conversa que não seja de trabalho nem resvale para o quotidiano.

Das conversas que marcam e me fazem descobrir uma opinião.

Das que estimula o raciocínio e desconstrói sentimentos.

Uma conversa que me abrace e afague os braços e o ego.

Onde a problemática seja tudo menos intuitiva e rotineira.

Uma conversa onde as palavras são subentendidas e outras demasiado explícitas. 

Para rir e gritar.

Com alguém que saiba sobrepor-se e ouvir.

Uma conversa combinada mas sem hora para terminar.

Sem interrupções.

Uma conversa de silêncios e olhares.


domingo, 16 de agosto de 2015

Study Time



Já terminei o curso há uns anos. (5, who's counting? God, I'm old!)

Durante esse tempo, entre estudos pontuais de qualquer coisa esquecida ou atualização necessária não me lembro te ter passado tanto tempo seguido a estudar.

Estes dois dias foram asssim: o criar de uma rotina com tempos e horários estabelecidos para conseguir ver a matéria toda.

Até quinta-feira estou em contra-relógio mas amanhã já regresso ao trabalho e o estudo tem que ficar para os intervalos.

Estou a tentar evitar o que nunca fiz, noitadas. Mas não sei se é desta que me safo.


domingo, 5 de julho de 2015

Curl



Podia ser da moda e mostrar o novo visual.

Comigo as palavras mostram melhor. Visualização.

Decidi abraçar a ondulação, tornar-me rebelde, sem tempo nem paciência para constantes imposições.

Sou eu.

sábado, 4 de julho de 2015

Dona J.



A Dona J. era amiga da família desde que eu me conheço.

A primeira recordação que tenho dela é por um presente. Era um mergulhador cor de laranja mecânico que usava na banheira no banho. Ele nadou imenso. Primeiro perdeu as barbatanas, depois as pernas e depois um braço. O outro dia, em arrumações, a minha mãe encontrou-o na caixa de brinquedos antigos e deitou fora o corpo inanimado.

A primeira vez que a vi pessoalmente veio passar férias cá a casa. Mostramos-lhe a ilha, conversava muito comigo e com o meu irmão. Contou-nos histórias serenas. Da sua infância.

Continuamos sempre o contato. Telefonemas de sábado à noite intermináveis em que desabafava com os meus pais sobre a amante e a outra família assumida do marido, dos divórcios dos filhos, do orgulho misturado com incompreensão dos netos. Onde perguntava por todos os meus familiares pelo nome.

Quando fui viver para o Porto visitava-a algumas vezes. Levava-lhe chá e conversávamos, mostrava mais fotografias das bisnetas.

Fui ao funeral do marido militar onde ela fez questão de me segredar que "a dinamarquesa" estava naquele momento num avião para a última despedida do homem da sua vida.

Esteve presente na minha queima das fitas e continuou a dar-me presentes simbólicos. 

Fui vê-la da última vez que estive no Porto. Não me reconheceu. Impressionou-me o estado a que chegou.

A sua errática altivez estava presa numa cama, com pensamentos confusos. Não me reconheceu. Impressionou-me imenso não querendo recordar aquela imagem. Preferia a segurança a que nos sempre habituou. O sorriso sensato e vivido.

Seria a última vez que a via, que lhe falava e beijava a testa.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Pudor



Nos últimos tempos apercebi-me de certas coisas que só contava acontecer nas telenovelas.

Tarde.

Traições dissimuladas em casais que consentem. Normalidade para a maioria. Desconfiança certeira. Traição subentendida.

Sou antiquada ao ponto de achar que confiança e monogamia são essenciais numa relação séria.

Mas sempre pensei que a única forma de pensar numa relação seria essa séria. Agora dou por mim a pensar que há relações que podem não ser sérias. 

Não me fazia sentido estar com uma pessoa só porque sim. A pensar noutra, noutras. Estando com elas.

Parece que há muita gente que acha que sim e acha perfeitamente possível. Chama-se modernidade em tempos em que a poligamia é antiga.

A questão também existe para quem, livre, sabe da posição do outro, parte integrante de um casal assumido. Cúmplice. 

Alinhar nessa modernidade é destruir o valor associado ao vínculo que uma relação exige ou simplesmente sucumbir ao momento, ao viver intensamente sem olhar a repercussões?


quarta-feira, 10 de junho de 2015

Pródiga



Faz um ano que desapareci.

Não propositadamente.

Voltei a casa. Trabalho como nunca trabalhei. Muito! 

Não foi fácil a mudança, apesar de muito ansiada. As coisas nunca parecem o que são.

Já melhorei, já me habituei. Estou bem, estou feliz.

A única desculpa para não voltar é o tempo. Tempo que nunca tenho para mim, para os outros. 

Hoje senti necessidade de voltar. Um feriado de folga. Um dia que o M. se lembrou de mim e nem me fez diferença, o coração não palpitou.

Um dia que voltei a reler tanto dos últimos tempos de escrita e senti que já não sei escrever assim.

A única sensação é a que tenho que voltar porque sinto que o último ano foi vazio de palavras, de partilhas. 

Mesmo que após o cansaço diário as teclas do computador sejam demasiado pesadas e as imagens desconhecidas.

Não é nenhuma promessa. É uma expetativa.