quarta-feira, 14 de abril de 2010

À deriva



No meio da lagoa olho as margens. O verde confunde-se com as manchas brancas que pintalgam os campos. Oiço a calma. Sinto a névoa fresca nos braços arrepiando-me de quando em quando. As algas espreitam à superfície.
Não tenho remos. Acho que os perdi, voluntaria ou involuntariamente. Sinto-me à deriva. Consigo tocar com os pés no extremo do meu barco de madeira. Apercebo-me que tenho os pés frios. Não consigo voltar a remar porque tenho as mãos enregeladas. Não sei nadar.
Tenho medo que o orvalho se transforme em chuva. Tenho medo da minha passividade. Não consigo reagir ao inesperado. Rememoro que fui eu que me coloquei nesta situação e tenho que sair dela, rapidamente. Não consigo pensar lucidamente. Respiro, as lágrimas esvaem-se na bruma.  

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